sábado, 18 de março de 2017

QUERIDA SARA, (25a. Carta)


Uma luz agora se abriu no quintal lá fora e ela representa bem como está o meu coração.

Abriu-se uma luz para nós todos aqui. Se pudesse eu sairia a cantar e dançar feito uma louca que fui na juventude (risos). Sara, a alegria que sinto, não cabe em meu coração.

Depois do buraco negro que estávamos todos metidos, foram tantas coisas boas acontecendo aqui, que definitivamente, Deus ouviu as minhas preces. O Pedro se saiu bem no transplante, está indo cada vez melhor e todos nós respiramos aliviados.

Sara, Sara, Sara! Como estou feliz!!! Acho que faltava você chegar com o seu perdão para mim para que a barreira que segurava as minhas orações pudessem ser ouvidas por Deus. 
Desculpe, não estou te colocando um fardo nas costas. Mas a minha tristeza pelo Pedro misturou com a dor do nosso atrito e eu rezava, rezava, mas sentia-me extremamente culpada. Achava que Deus não iria ouvir as minhas preces.

Mas enfim, eu só posso te agradecer de joelhos pela amizade, pelo carinho, pela alma nobre que você tem e por tudo que passamos juntas e conseguimos sobreviver.
Sara, era esta a notícia que queria te dar. Fiquei muito feliz de tê-la aqui segurando as minhas mãos durante o procedimento do Pedro e depois ainda ficou mais alguns dias para me dar esta força que só você poderia me dar. OBRIGADA! QUE DEUS A ABENÇOE SEMPRE.

Ele está cada vez mais forte e passa horas conversando comigo ou com a Lisa.
Ela veio segredar comigo que ele havia se declarado para ela. om, eu disse, todos sabíamos Lisa, achávamos que você não. Ela disse que suspeitava na adolescência, mas que depois enfim, a vida tomou outros rumos. Esta moçada... E olha que não estão tão novos assim.

Só que a Lisa está começando a ficar agoniada porque sinto que quer conversar com o Pedro sobre isto, mas ele ainda não tocou no assunto. Penso que ela está cada vez mais inclinada a ficar com ele. Estou rezando para isto. Reze também.

Espero poder vê-la em breve, quando tudo isto passar. E espero do fundo do meu coração as suas próximas cartas, porque são suas missivas que fazem a minha vida ficar mais leve, por ter com quem compartilhar minhas dores neste mundo.

Um grande beijo da amiga de sempre.
Gratidão minha amiga Sara!

Com amor, Clara

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

O PRIMEIRO LIVRO



Sempre gostei de ler. Na minha época, as crianças não eram estimuladas tão cedo.

 Entrei para a escola com sete anos. Não “pude fazer o jardim-da- infância” como era chamado no meu tempo, o que seria hoje a pré-escola.  Era muito tímida, medrosa e comportada.

Éramos muito pobres e se me matriculassem no “jardim-de-infância – que por sinal era o meu sonho naquela época - pois a professora  daquela série era um anjo,  o material seria caro para minha mãe pagar. Era outro Brasil...

Antes de entrar para a escola, eu já folheava avidamente os gibis dos meus tios e ficava desesperada para entender o que o Pato Donald ou o Mickey estavam dizendo.
 Agastava minha irmã que era dois anos mais velha do que eu e que já sabia ler.
Sentia-me cega e impotente por não entender o que estava escrito.

Assim, quando entrei no primeiro ano, o método no início dos anos 70 era a cartilha chamada por sinal "Caminho Suave” _ que de suave não tinha nada _ e depois se passava para o primeiro livro.

A nossa professora era iluminada e nos incentivava muito;  fazia-nos sonhar com o dia que pegássemos o primeiro livro nas mãos e pudéssemos lê-lo.

Muito bem, ela fantasiava e eu sonhava com este dia. Com  dificuldades minha mãe pagou o livro adiantado conforme exigia.

Eu estava em uma expectativa enorme, ainda mais que nossa professora decidiu fazer um bolo, sucos, uma verdadeira festa para entregar o primeiro livro aos alunos.
 Eu até sonhava com este momento especial.

Chegou o tão esperado dia. Houve bolos, “os ‘ki sucos”, bexiga e nada do livro.
Meu estômago até embrulhava de tanta expectativa.
Começou a entrega que foi só no final da festa. A professora ia chamando os nomes dos alunos os quais as mães já haviam pago e entregando o livro com um abraço, um parabéns, etc.

Chamavam todos, menos o meu nome. Eu ansiosa, já com vontade de chorar e gritar.

Nada.  No finalzinho da chamada, ela diz: “Rita”! , eu gelei. Pensei, e eu???  Para explicar, esta “Rita’” era a garota queridinha de todos os professores, pelos mesmos motivos que ainda acontecem nos dias de hoje. Nepotismo.

Quando “Rita” chegou para pegar o livro toda feliz, a força do meu olhar fez com que a professora olhasse para mim e percebesse toda a angustia e mesmo censura nos meus olhos.

Fez menção de entregar o livro para Rita, me olhou novamente, eu quase chorando, voltou, consultou a lista e disse: ‘’É minha querida Rita, o seu ainda não foi pago. (Era esta a sensibilidade dos anos 70...).
E dando uma olhada geral na classe: Quem falta ainda?
Como se eu ainda não faltasse!!- pensei.  Levantei o braço e disse: Eu, professora!! A minha mãe já pagou!"
 Até eu mesma me surpreendi com minha coragem. Ela anuiu e me entregou o objeto da minha cobiça.

Nunca fiquei tão feliz na minha vida. Guardo isto com um carinho especial! O livro e a justiça feita.

Já sofri muitas injustiças na vida, como todos neste mundo, mas esta talvez fosse a mais imperdoável, porque acalentei aquele dia do  primeiro livro, como um sonho desde os dias que vi as primeiras letras na minha vida.

Com o livro em mãos, corri para casa, sentei-me embaixo do abacateiro que tínhamos no quintal e li, li, li, até o cair da noite.  Nunca mais parei de ler desde aquele dia.


(FIM)  POR ANGELA GASPARETTO

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

QUERIDA SARA (25a. Carta)



Uma luz agora se abriu no jardim lá fora e ela representa bem como está o meu coração.
Abriu-se uma luz para nós todos aqui.

Se pudesse eu sairia a cantar e dançar feito a louca que fui na juventude (risos).
Sara, a alegria que sinto não cabe em meu coração.

Depois do buraco negro que estávamos todos metidos, foram tantas coisas boas acontecendo aqui, que definitivamente, Deus ouviu as minhas preces. O Pedro se saiu bem no transplante, está indo cada vez melhor e todos nós respiramos aliviados.

Sara, Sara, Sara! Como estou feliz!!! Acho que faltava você chegar com o seu perdão para que a barreira que segurava as minhas orações, pudessem ser ouvidas por Deus.

Desculpe, não estou colocando um fardo nas costas. Mas a minha tristeza pelo Pedro misturou com a dor do nosso atrito e eu rezava, rezava, mas sentia-me extremamente culpada.
Achava que Deus não iria ouvir as minhas preces.

Mas enfim, eu só posso te agradecer de joelhos pela amizade, pelo carinho, pela alma nobre que você tem e por tudo que passamos juntas e conseguimos sobreviver.

Sara, era esta a notícia que queria te dar. Fiquei muito feliz de tê-la aqui segurando as minhas mãos durante o procedimento do Pedro e depois ainda ficou mais alguns dias para dar esta força que só você poderia me dar. OBRIGADA! QUE DEUS TE ABENÇÕE SEMPRE.

O Pedro está cada vez mais forte e passa horas conversando comigo ou com a Lisa.

Ela veio segredar comigo que ele havia se declarado a ela. Bem, eu disse, “todos sabíamos Lisa, achávamos que você também”. Ela disse que suspeitava na adolescência, mas que depois enfim, a vida tomou outros rumos. Esta moçada... E olha que não estão tão novos assim.

Só que a Lisa estava começando a ficar agoniada porque agora que ele estava melhor, queria conversar com ele sobre este assunto e não havia jeito dele a deixar falar.

Aconteceu que ontem, segundo ela, eles conversaram e a Lisa disse que estava muito feliz com este amor, mas que atualmente ela tem uma pessoa. Lisa estava receosa da reação do Pedro. Segundo ela, ele recebeu bem a notícia e disse que para ela não se preocupar porque o que ele precisava era dizer a ela, apenas isto. Não poderia morrer sem dizer ou tentar. Mas que ela era livre para viver o que era dela e tomar qualquer decisão que achasse melhor.

Parece que Lisa ficou decepcionada com a reação do Pedro. Ela saiu do quarto pensativa e ficou muito tempo olhando para o jardim no hospital. Ficou meio perdida. 
Depois quando conversamos, ela disse que ficou contente com a atitude do Pedro, mas que achava que ele demonstraria alguma decepção ou insistiria.

Eu sorri intimamente Sara, porque depois dessa, acho que o meu neto tem chances. Vejo que ele está melhor, porque acredito que esta atitude dele é um blefe (risos).

Lisa anda pelos cantos agora, vem todos os dias ao hospital e amanhã quando o Pedro tiver alta, disse que virá acompanhá-lo. Fico muito feliz que ela esteja presente e quero ver agora qual serão os próximos passos, porque o Pedro voltando para casa e estando recuperado, não há mais motivos para ela ficar no Brasil. A não ser se for por amor! Que maravilha! Agora torço por isto e observo os dois discretamente.

Sara, esta será mais das inúmeras cartas que te escreverei, porque a alegria que estou não me cabe no meu coração como já disse e repito.


Um beijo de gratidão,
Clara.

(TODOS OS DIREITOS RESERVADOS)

terça-feira, 27 de setembro de 2016

QUERIDO PAI, (24a. Carta)


Fiquei muito feliz quando ontem, vi a vó Sara entrar pela porta do quarto do Pedro.

Não acreditei. O que você fez? Como a convenceu?  Só sei que ele dormia, eu estava lendo um livro na poltrona ao lado e D. Clara sentada na janela como de costume.

Pai, quando ela se virou e viu a minha vó, ela se levantou e começou a tremer toda e a chorar lágrimas silenciosas. Pensei que ia dar um troço nela; nem pude cumprimentar a vovó direito, corri , segurei a D. Clara e a fiz sentar de novo. Percebi que o assunto era entre as duas, quando minha vó me deu um beijo rápido e pediu que eu saísse do quarto com um gesto silencioso.
Bom, obedeci, mas de fora do quarto, não pude deixar de ouvir a conversa das duas.

Eu ouvia: “Acalme-se Clara. Ou melhor, chore então. Vou pegar uma água para você. Depois voltando, sentou-se perto de D. Clara e eu ouvia somente o choro dela. Passado alguns minutos, dei uma espiada rápida e vi que as duas estavam de mãos dadas, cabeças de encontro uma a outra e choravam em silêncio também. Se abraçaram e eu só ouvia soluços.

Pai, eu entendo que a situação do Pedro é grave. Mas tem mais alguma coisa. Parece que houve alguma coisa entre as duas, uma briga, uma intriga, não sei o que é. Só sei que me pareceu ser tipo uma reconciliação. Fiquei muito feliz. Porque este momento que o Pedro  está vivendo, não deve haver nada para pertubá-lo e ele já havia comentado que achava a D. Clara muito estranha. Mas achou que era pelo estado de saúde dele.

Enfim, depois deste chororô todo, vi que as duas conversavam mansamente e não soltavam as mãos uma da outra. Era uma bela cena. Vó Sara disse que vai ficar mais um dia aqui e depois volta.

Estamos todos na casa da D. Clara, porque ela não permite por nenhum momento sequer  que  possamos pensar em ficar em um hotel.
Amanha é o procedimento do Pedro. Estamos todos convictos que tudo dará certo e que este momento ruim que estamos passando vai ser superado.

Durante toda a noite, vi que minha vó e a D. Clara ficaram longamente conversando,  bebendo vinho, relembrando histórias do passado, olhando fotografias. Foi muito bonito.

Pensei que quero ter um amigo assim na minha vida. Ou melhor, eu já tenho, é o Pedro.
De agora em diante não vamos mais nos separar. Palavra de irmãos.

Um beijo pai,

Kiko.

(TODOS OS DIREITOS RESERVADOS)

PRÁ PREGAR NA GELADEIRA



"Precisamos de pouco para ser feliz. Menos barulho, mais silêncio, menos cobranças, mais reciprocidade, menos desavenças, mais paz. Apenas isto." 

“Das nossas escolhas possíveis:
Das nossas quedas previsíveis;
Das nossas liberdades intransferíveis!
VIVAMOS! 

"É clichê, mas quanto mais o tempo passa, mais descobrimos que o que tem valor mesmo são os verdadeiros amigos, uma família que te apóia, a saúde em ordem e a paz da consciência tranquila. Precisamos de pouco. O prosaico é que é o sofisticado."

"Silêncio do amor, 
Felicidade à flor...!"

Prá começar, comece o simples, viva o novo, tente o fácil, pratique o maleável,
Desprenda do complexo, abandone o obsoleto e diga adeus ao intransigente.
Facilite seus caminhos, renove suas energias, pratique o amor próprio! Viva!

"Minhas ruguinhas são minhas marcas exclusivas, histórias que vivi. Minha maturidade é minha, meu atestado de todas as dores, escolhas ou flores. Meu tempo é meu caracterizador, desconstrutor ou embelezador, elemento desta originalidade adquirida nas travessias da vida"

"Ser forte é estar quebrado por dentro e mesmo assim mostrar-se inteiro por fora" 

"Amor verdadeiro é quando rimos ou choramos com o outro, tudo na mesma intensidade
"Ando esperando o revés virar graça, a tristeza virar alegria, a solitude virar festa, o tempo virar a vida e o fim virar recomeço"


Lágrimas lavam a alma. Lavam as dores,  limpam para o amanhã que se anuncia. Choremos!

 "A vida é uma vela acesa. Cuidemos para não se apagar de repente"!




quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Comece junto com a primavera...



"Comece junto com a primavera, um mês todo florido de possibilidades" BOM DIA meus ventinhos amados!