Costumo dizer que Graciliano Ramos me salvou. Salvou-me da
loucura na minha pré- juventude. Ele
escrevia direto à minha alma, que era triste e cinza como a sua literatura. Mas também
bela, de uma beleza mórbida e rude.
Dentro daquelas páginas amarguradas de Vidas Secas, Insônia,
Angústia, etc, eu me encontrava e me curava. Eu não era então a única solitária, triste,
vazia e insana no mundo. Ainda bem que existiu Graciliano.
Mas hoje resolvi falar de um dos livros dele que eu li à exaustão.
Na vida adulta também, depois que as nuvens dissiparam um pouco e me encontrei
um tiquinho assim...
É São Bernardo. Li tanto e tantas vezes e não enjoava. Nunca. São Bernardo é a história de Paulo Honório, um sujeito rude e bronco que se fez sozinho, solitário também . Ele resolveu escrever a sua história, depois de perder a esposa Madalena.
É São Bernardo. Li tanto e tantas vezes e não enjoava. Nunca. São Bernardo é a história de Paulo Honório, um sujeito rude e bronco que se fez sozinho, solitário também . Ele resolveu escrever a sua história, depois de perder a esposa Madalena.
O mais belo em São Bernardo é a personagem Paulo Honório, um
homem rude, pragmático e que se apaixonou perdidamente por Madalena, que era
frágil, sonhadora e romântica, incapaz
de perceber o amor violento que havia despertado.
Resumindo, Paulo Honório se tomou de ciúmes por ela, pois
ela era inatingível na medida da distância intelectual dos dois. Ele a amava e
não a compreendia. Ela o amava e não aceitava aquela personalidade prepotente,
rude e autoritária na qual ele foi se tornando a medida que enriquecia.
A dor da perda de Madalena (a mesma se suicida por não
suportar o tormento dos ciúmes infundados) de Paulo Honório, a solidão dele e
antes disto, os artifícios dissimulados que ele utilizou para feri-la são uns
dos pontos altos deste livro.
É lindo, é real, é dolorido e é acima de tudo uma verdadeira estória da
alma humana. Grande salvador de almas aflitas é Graciliano Ramos.