terça-feira, 23 de setembro de 2014

A BELEZA SOFRIDA EM SÃO BERNARDO – DE GRACILIANO RAMOS



Costumo dizer que Graciliano Ramos me salvou. Salvou-me da loucura na minha pré- juventude.  Ele escrevia direto à minha alma, que era triste e cinza como a sua literatura. Mas também bela, de uma beleza mórbida e rude.

Dentro daquelas páginas amarguradas de Vidas Secas, Insônia, Angústia, etc,  eu me encontrava e me curava.  Eu não era então a única solitária, triste, vazia e insana no mundo. Ainda bem que existiu Graciliano.

Mas hoje resolvi falar de um dos livros dele que eu li à exaustão. Na vida adulta também, depois que as nuvens dissiparam um pouco e me encontrei um tiquinho assim...
 
 É São Bernardo. Li tanto e tantas vezes e não enjoava. Nunca. São Bernardo é a história de Paulo Honório, um sujeito rude e bronco que se fez sozinho, solitário também . Ele resolveu escrever a sua história, depois de perder a esposa Madalena. 


O mais belo em São Bernardo é a personagem Paulo Honório, um homem rude, pragmático e que se apaixonou perdidamente por Madalena, que era frágil,  sonhadora e romântica, incapaz de perceber o amor violento que havia despertado.


Resumindo, Paulo Honório se tomou de ciúmes por ela, pois ela era inatingível na medida da distância intelectual dos dois. Ele a amava e não a compreendia. Ela o amava e não aceitava aquela personalidade prepotente, rude e autoritária na qual ele foi se tornando a medida que enriquecia.

A dor da perda de Madalena (a mesma se suicida por não suportar o tormento dos ciúmes infundados) de Paulo Honório, a solidão dele e antes disto, os artifícios dissimulados que ele utilizou para feri-la são uns dos pontos altos deste livro.


É lindo, é real, é dolorido e é acima de tudo uma verdadeira estória da alma humana. Grande salvador de almas aflitas é Graciliano Ramos.


segunda-feira, 8 de setembro de 2014

VENTO NA BLUSA *ANGELA GASPARETTO : OLHE O OUTRO...

VENTO NA BLUSA *ANGELA GASPARETTO : OLHE O OUTRO...: Um dos exercícios mais difíceis da vida é conviver. Isto é clichê, claro, todos sabem disto. Conviver com o amigo, amiga, irmãos, superio...

OLHE O OUTRO...

Um dos exercícios mais difíceis da vida é conviver. Isto é clichê, claro, todos sabem disto.
Conviver com o amigo, amiga, irmãos, superiores, marido e assim por diante.

Há que se recuar. Aprendi isto.

Se você for com tudo, direto na jugular do sujeito(a), pronto, a vaca vai para o brejo como se diz aqui no interior, e não quem a desatole...E olha que já pulei muito na jugular...

Aprendo que conviver é recuar, é pisar em ovos, é olhar o outro, o lado do outro, ali o que o incomoda, o que o faz sofrer e o que acredita, ou até desacredita. Mas com sinceridade, não dissimulação.

E ainda tem que se conviver vendo a dissimulação do outro e principalmente a manipulação.

Se olharmos, somos manipulados todo o tempo, no trabalho, na política, em casa, como consumidor, etc.

Mas quando esta manipulação vem de quem por ventura você admira, ou gosta, incomoda bastante.

Mas voltando ao tema de olhar o outro, a necessidade do outro, volto a dizer que não há outro jeito de viver/conviver, porque neste exercício você corre o risco de ficar dividido, mas pelo menos não corre o risco de ser taxado de egocêntrico. Prefiro o segundo.

Olhe o outro, nos olhos do outro, coloque-se no lugar do outro. É bom, é salutar e é humano, se é que queremos ser taxados como tal.


quinta-feira, 4 de setembro de 2014

ERAM OS CABELOS DA FARRAAAAH!!





Era o cabelo da Farrah Fawcet que sempre quis. Para quem não conhece, Farrah Fawcet foi uma atriz americana que fez o seriado “As Panteras” na década de 70.

Aos 14 anos, voltava à noite do colegial e vinha correndo para ver as panteras na quarta-feira.
Mas queria mesmo era  ver os cabelos da Farrah. Eram os de uma pantera mesmo. Loiros, com mechas claras e escuras, cortados em camadas, soltos como o de uma fera.

E seu sorriso era doce e meigo, mesmo ela pulando muros, lutando com os bandidos. Depois de imobilizá-los, ela olhava para o lado, mexia os cabelos e sorria como quem não fez nada de novo.
Ah, eu sonhava com aqueles cabelos. Durante anos, tentei explicar os meus diversos cabeleireiros qual era o tipo que queria, só não dizia que eram iguais aos de Farrah que eu queria, não sei o porquê. Timidez, imagina, eu não tinha o tipo de cabelo dela...

Um dia saí  do cabelereiro com uma imitação de Farrah, onde os cabelos nem se moviam. Fora o dia que sentei para sair como ela, e saí sim com o estilo pigmaleão magro ou mullet, ou  tipo Chitãozinho Chororó mesmo..etc


Enfim, depois de inúmeros erros, alguns acertos, etc. e tal, hoje ainda não tenho os cabelos da Farrah, mas consegui ao menos  a franja e cor parecidos aos dela.
No entanto, hoje guardo no meu intimo o ideal de cabelo bonito, e desculpem as mais jovens, não são os da Gisele Bündchen, mas sim os da Farrah, que além de linda e loira, foi sim uma guerreira tanto nas telas como na vida.*

*(Farrah Fawcet faleceu  em 25 de junho de 2009 em decorrência de um câncer)


quarta-feira, 3 de setembro de 2014

A MATURIDADE


Tenho pensando muito sobre a maturidade. Este é um tempo de balanço, avaliações, pesagens... e por aí vai.

Percebo que na maturidade damos um peso diferente para cada situação, pessoas, atitudes. Nem sempre o que é mais belo é melhor para nós e nem o que nos renderia mais nos fará mais felizes.

Pensamos mais, falamos menos, e se falamos mais é porque aquela pessoa merece. Senão, ficamos em silêncio. Olhamos mais para o futuro, mas constantemente para o passado.

Mas o mais bacana da maturidade é esta descoberta repentina que a vida por mais difícil que seja, vale imensamente ser vivida e principalmenter degustada!

Apreciem-na, ela dura, curta e fugaz!


(FOTO DA AUTORA)