quarta-feira, 10 de agosto de 2016

QUERIDA LISA, (14a. Carta)



Respondo sua carta já agora do hospital. Aliás, eu dito esta carta para o meu doador e amigo preferido dE infância. O Kiko! Lembra de eu falar nele?
Sara, estou no tratamento necessário antes do início do transplante e a grande notícia foi que o Kiko é compatível!

Foi emocionante! Nunca podíamos imaginar. Esta descoberta veio no momento que eu estava quase querendo desistir, mas que chegou para me ativar o ânimo.  Além dele poder me ajudar, ainda está comigo aqui neste inicio, que consiste do tratamento para viabilizar o transplante.
Assim, estou agora aqui deitado, com um cateter venoso para viabilizar o recebimento de quimioterapia, transfusões, antibióticos, medicamentos e tudo o mais que você nem queira saber.
Tenho sentido muitas náuseas e perda de apetite. Tem dias que certamente acho que vou realmente morrer Lisa.  Mas quando olho para os olhos da vó Clara, agora tão calada, eu sinto que preciso continuar por ela.
Ela tem me feito bastante companhia quando o Kiko tem que sair para alguma coisa.
Conta estórias da família, vemos filmes, comemos pipocas e principalmente ela fala muito na vida que teve com o vô Pedro,a D. Sara e o Sr. Olívio antes de mudarmos aqui para Curitiba.
Sabe, vó Clara teve uma vida muito boa, de grandes noites com os amigos, ida ao teatro, música e amizade. Apenas sinto que quando  atualmente fala na D. Sara, seus olhos se escurecem e ela cala repentinamente. Enfim, estou muito fraco para perguntar. Mas vou perguntar. Ela tem um segredo Lisa.

Diga-me, quando você chega? Já terminou seu trabalho aí? Preciso de você como nunca precisei de ninguém. Por favor, volte logo. Desculpe se estou emotivo demais.
Estou perdendo tudo, cabelos, forças e só não posso perder as pessoas que amo.
E eu amo você Lisa. Pronto, falei, como diz hoje em dia.

Sempre amei. Descobri isto quando você partiu para Londres há cinco anos.  E depois quando fui te visitar aí eu tive certeza. Só não falei para não estragar a nossa amizade mais forte que a rocha...como você sempre disse.
Mas como agora eu não sei o futuro, que pelo menos o presente  seja dito.
Se não puder ter o seu amor, por favor, não me tire a sua amizade.

Um beijo,

Pedro

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